sexta-feira, setembro 16, 2011

Menos de uma residência a cada dez aderiu ao ‘Lixo Zero’

Por Luiza Pellican

Quando criado, há um ano e meio, expectativa do prefeito Marcelo Barbieri era conseguir 80% de adesão à reciclagem


O programa "Lixo Zero", desenvolvido pelo Departamento Autônomo de Água e Esgotos (Daae) desde março do ano passado, ainda não conseguiu envolver os moradores de Araraquara. Dos mais de 70 mil contribuintes cadastrados na autarquia, apenas 6.636 — ou 9,4% — cadastraram-se até julho de 2011, para não pagar mais a Taxa do Lixo por separar materiais recicláveis.

O número de inscritos no programa aumentou 57,77% de um ano para outro — em maio do ano passado, o Daae divulgou que tinha 4.206 cadastrados —, mas ainda está muito longe do propósito do projeto. Na época de sua criação, a intenção era aumentar a reciclagem de lixo e atingir 80% da população.
Em maio de 2010, reciclava-se 250 toneladas de lixo, mas neste ano, houve um aumento de 41,19%, ou seja, chegou-se a 353 toneladas ao mês.

Em nota, a assessoria de imprensa do Daae afirmou considerar a adesão dentro do esperado e declarou ter deixado de arrecadar R$ 180 mil em decorrência dos cadastros.

Além disso, ressaltou que o Daae investe em conscientização ambiental por meio de panfletos e gibis educativos e faz sempre parcerias com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) para estimular a reciclagem de plástico, alumínio, papel e vidro.
O projeto
O programa ‘Lixo Zero’ dá isenção da Taxa de Lixo aos araraquarenses em troca da separação do material reciclável do lixo doméstico. A separação é importante para a Administração Pública também porque a cidade não tem mais aterro sanitário e o lixo produzido por aqui é enviado a Guatapará, com alto custo para o município.
Como aderir
Os interessados em aderir ao programa Lixo Zero deve ir ao Daae para assinar um termo em que assume o compromisso de separar o material reciclável do lixo comum.
Atualmente, os produtos são beneficiados pela Cooperativa Acácia, que recolhe apenas 8% de todo o lixo reciclável produzido na cidade.
R$ 180 mil
Este é o valor que o Daae já deixou de receber de Taxa do Lixo desde a implementação do programa ‘Lixo Zero’, há um ano e meio
Eu conheço
Quando estavam discutindo o projeto na Câmara, ouvi falar sobre o projeto e tive informações de como funcionava, mas não aderi por falta de interesse em ter o desconto.

Apesar disso, separo o lixo diariamente, tendo o cuidado de colocar papel, alumínio e vidro cada qual em uma embalagem. Depois, coloco na rua para ajudar os catadores. É só colocar pela manhã e algumas horas depois não está mais lá. Faço minha parte e, em troca, ajudo os outros.
Vânia Ribeiro Cardoso Davi
(Aposentada)
Eu não conheço
Nunca ouvi falar sobre esse programa ‘Lixo Zero’, mas sempre separo o lixo da minha casa. Coloco tudo em sacolas e deixo na rua.

Às vezes, o pessoal que passa procurando reciclável pega tudo, mas várias vezes já vi lixo separado ir para o caminhão de coleta. Acho uma pena, mas a minha parte eu fiz.

O Daae deveria fazer mais campanhas informativas para esse programa. Faço a minha parte e seria melhor se tivesse o destino certo.
Rosimeire Tomas
(Dona de casa)
41,19%
É o total de aumento de recicláveis processados desde o ano passado. Mas o valor total corresponde apenas a 8% do que a cidade produz.

Análise
Falta investimento no projeto
O projeto "Lixo Zero" é uma grande iniciativa do Departamento Autônomo de Água e Esgotos (Daae) para a conscientização da população; porém, a baixa adesão depois de 19 meses mostra uma deficiência no projeto.

Uma das alternativas para facilitar e instigar os araraquarenses a se cadastrarem é ampliar a divulgação do programa e facilitar a inscrição. Uma opção é oferecer inscrição pela internet, assim, os interessados não precisariam sair de casa.

Até entendo que pedindo para o interessado ir ao Daae dá uma impressão de que ele realmente vai se envolver com o projeto e não se inscreveu apenas pela isenção. Mas o contrário também pode muito bem acontecer — como um cadastrado não fazer a seleção.
Além de instigar a população e facilitar o cadastro, é preciso forte fiscalização, de modo intensificado e recorrente. E não podemos esquecer a educação ambiental nas escolas.

Adalberto cunha
(Ambientalista)

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